Durante a vistoria, Manoel Rego, integrante da comissão de saúde da Câmara, afirmou que a fiscalização foi motivada por conta do caos na unidade após a enchente do último domingo (19).
— Ao visitar o local percebemos que a situação no hospital é critica. O susto não foi maior por já ter ciência da dimensão da problemática, — declarou o parlamentar.
Dividindo macas e tendo que contar com o colo de mães e outros parentes para permanecer internadas, as crianças passam horas aguardando a realização de exames. Isso sem falar no risco de transmissão de doenças, que aumenta quando não se respeita a distância mínima entre os pacientes. Na opinião da vereadora Rose Sales, o hospital não oferece a mínima estrutura para oferecer atendimento à população.
— Não há condições de trabalho para os profissionais nem para os pacientes. Faltam leitos, falta infraestrutura, e até mesmo o número de médicos é insuficiente para atender uma demanda diária de quatrocentos pacientes, — afirmou.
ATENDIMENTO PACTUADO
Na inspeção, o vereador Fábio Câmara rebateu as declarações diretora do Hospital da Criança, Virgínia Barbosa, que tentou justificar os problemas da unidade por conta do atendimento aos pacientes do interior. Virgínia atribuiu a culpa ao Estado ao afirmar que o “Hospital da Criança é a única unidade com porta aberta a fazer o atendimento de pacientes do interior no Maranhão”.
— São Luís não atende de graça os pacientes oriundos de outros municípios. Na verdade, além de a gestão ser plena, existe a pactuação feita na Comissão Tripartite que trata da distribuição dos recursos do SUS, por tanto, é competência da Prefeitura de São Luís buscar meios para cumprir o seu papel, ou então voltar à Comissão Tripartite e dizer que não pode mais atender os pacientes e com isso também deixar de receber os recursos que foram pactuados, — rebateu o peemedebista.
HOSPITAL PODE SER FECHADO
O promotor Herbert Figueiredo afirmou que está aguardando o laudo da inspeção para tomar as devidas providências. Ele, no entanto, já adiantou que, por conta das irregularidades encontradas durante a vistoria, o Ministério Público poderá entrar na Justiça com uma ação cautelar pedindo o fechamento total do Hospital da Criança até a conclusão das obras de ampliação da unidade.
— Foi constatado que nós estamos no ambiente totalmente improvisado e que a desativação é medida que se torna imperiosa para o hospital poder dar encaminhamento às reformas físicas e estruturais que são necessárias — informou o promotor.
EXPLICAÇÕES SOBRE IMPROVISOS
Após a vistoria, o vereador Fábio Câmara afirmou que vai cobrar explicações do prefeito Edivaldo Júnior e da secretária municipal de Saúde, Helena Duailibe sobre o atendimento de emergência feito a pacientes transformando cadeiras em leitos, no corredor do hospital.
De acordo com o parlamentar, a situação na unidade é tão caótica que, sem expectativa de um leito vago, crianças que aguardam atendimento no hospital são obrigadas a “dormirem” sentadas.
Durante a inspeção, duas cenas chamaram a atenção do peemedebista. No primeiro caso, ele flagrou mães de pacientes improvisando tampas de quentinhas em ‘colheres’. No segundo flagrante, se revoltou com a cena de uma criança sendo medicada numa cadeira que foi transformada em leito.
— As cenas estão na contramão da humanização no atendimento de saúde. Não tem como não se revoltar com flagrantes como estes. Vou pedir explicações ao prefeito [Edivaldo Júnior] e à secretária municipal de Saúde [Helena Duailibe], sobre os improvisos nesta unidade — concluiu o vereador.
SAIBA MAIS
Foram detectadas, na vistoria, que várias crianças ainda estavam internadas no Hospital, na UTI e semi-intensiva, aguardando serem transferidas. Só depois da inspeção, a Secretaria Municipal de Saúde tomou uma medida para acelerar o processo de transferências destes pacientes.