Renan Calheiros não agiu sozinho ao devolver para o Planalto a medida provisória que Dilma Rousseff editara para elevar a tributação da folha salarial. Antes de tomar a decisão, o presidente do Senado aconselhou-se com seus principais aliados no PMDB. Entre eles o ex-presidente José Sarney. Aliado do petismo desde o primeiro mandato de Lula, iniciado em 2003, o morubixaba do Maranhão avalizou o gesto.
Nas suas conversas privadas, Renan começa a conjugar a gestão de Dilma no passado. Dá a entender que a devolução da medida provisória foi apenas o início de sua trajetória rumo ao desembarque. Fala como se tivesse tomado um caminho sem volta. Parece decidido a proporcionar novas surpresas ao Planalto.
A súbita conversão de Renan e seu grupo em quase-ex-aliados do governo coincide com a propagação da notícia segundo a qual o nome dele consta da lista de políticos que devem responder a inquérito no STF por suspeita de recebimento de propinas extraídas da Petrobras. O senador diz enxergar as digitais do Planalto no vazamento do seu nome. Algo que, se confirmado, pode render-lhe algum discurso. Mas não serve de explicação para as acusações que constam dos autos.
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