Diferente de muitos políticos do Ceará, o já ex-senador e ex-presidente da República, José Sarney, foi cáustico, neste domingo, com o Governo da presidente Dilma Rousseff ao falar sobre a decisão da Petrobras em suspender a implantação da Refinaria Premium I no Maranhão. Nessa decisão, o Ceará perdeu a Refinaria Premium II, programada para ser instalada no Pecém. Sarney classificou a decisão da Petrobras de desprezo e ingratidão com o Maranhão.
As críticas foram feitas no artigo que o ex-senador pelo Estado do Amapá – Sarney é filho do Maranhão, mas após deixar a Presidência da República, conquistou três mandatos pelo Amapá- publica semanalmente no jornal “O Estado do Maranhão”, de propriedade de sua família.
O alvo principal da crítica neste domingo (1º) foi o cancelamento, anunciado na quarta-feira (28) pela Petrobras, da construção da refinaria Premium I, cuja obras estavam em andamento em Bacabeira (53 km de São Luís).
“O Maranhão recebeu apático uma decisão que é uma manifestação de discriminação, desprezo, ingratidão e injustiça. Que culpa tem o Maranhão pela corrupção e pela bagunça da Petrobras? Pagamos nós pela Lava Jato!”, questionou Sarney, seguindo: “O Maranhão esperou 30 anos por um grande projeto de estrutura de base, para mostrar que o Brasil não pode continuar a ser dois Brasis, um rico e um pobre.”
Ainda segundo o senador, é hora do Estado se unir para que as obras sejam retomadas. Ele defende uma “luta” dos nomes maranhenses pela retorno das obras. “Eu não aceito essa decisão de acabar com a refinaria em nossa terra. Falta de dinheiro na Petrobras! Por que não abrir a empresas estrangeiras a construção? Aí estão capitais chineses, americanos, ingleses, holandeses, sauditas, árabes e tantos outros. Posso não estar mais vivo, mas sei que, se mantivermos a luta, classes empresariais, povo, governo, todos unidos, essa decisão será revertida e um dia vamos ver a refinaria do Maranhão”, escreveu.
Segundo dados de balanços da Petrobras, a refinaria Premium 1 já teve investimentos federais, desde 2007, de R$ 1,8 bilhão –em valores não-atualizados monetariamente.
Além da obra no Maranhão, a Petrobras também anunciou que desistiu da refinaria Premium 2, no Ceará, que já teve mais de R$ 1 bilhão em investimentos.
Em nota, o governo do Maranhão –comandado por Flávio Dino (PCdoB), opositor histórico dos Sarney– também criticou o governo federal e disse está “pronto a dialogar com a Petrobras para a retomada de investimentos no Maranhão, sendo sanados os erros técnicos do projeto original, que não são de responsabilidade do povo maranhense.”
Política econômica “hostil”
As críticas do ex-senador e aliado da presidente não se restringiram à refinaria e chegaram à política econômica de Dilma.
“Os fundos de participação dos Estados são contidos em limites precários, incapazes de fazer a diferença. Não há incentivos efetivos aos empréstimos dos bancos de desenvolvimento, como taxas de juro diferenciadas das dos estados ricos. A área econômica do governo é indiferente, ou mesmo hostil, a medidas que possam fazer os estados pobres competitivos, capazes de atrair investimentos que normalmente vão para os estados ricos”, alegou Sarney.
Durante a campanha eleitoral de 2014, Sarney e sua família fizeram campanha para a reeleição de Dilma. Apesar disso, imagens feitas pela “TV Amapá” no dia da votação mostraram que o ex-senador apertou o 45, votando em Aécio Neves(PSDB).
Do http://www.cearaagora.com.br/