Na última terça, o vice eleito Geraldo Alckmin anunciou os nomes dos deputados federais maranhenses convocados para integrarem os grupos técnicos da equipe responsável pela transição do governo de Bolsonaro para Lula.
No grupo de Cidades, Hildo Rocha (MDB-MA) – mesmo sendo declarado bolsonarista de carteirinha – foi indicado pelo partido, leia-se a pedido da ex-governadora Roseana Sarney, que estava sendo pressionada pelo companheiro de legenda, que não renovou o mandato. Hildo tem interesse nos “relatórios” da Codevasf que serão produzidos na transição. A companhia é ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, órgão constituído pela união do Ministério da Integração Nacional com o Ministério das Cidades. Hildo já comandou a pasta das Cidades no estado.
Randolfe Rodrigues, senador pelo Amapá e também um dos coordenadores do grupo das Cidades, defende que os recursos de emendas de relator –as chamadas RP9– sejam transferidos do órgão para emergências hídricas ou contenção de enchentes, por exemplo.
“A Codevasf surgiu como uma instituição para cuidar dos recursos hídricos do Vale do São Francisco e tem uma ampliação do seu escopo. Tem um papel da Codevasf que nós temos que inclusive exaltar e ressaltar: é importante ela como uma companhia de desenvolvimento nacional. Não tem nada contra pavimentação. Mas temos que ajustar para as atividades fins do ministério. Pode continuar fazendo pavimentação, mas seu escopo tem que ser definido e tem que continuar tendo uma empresa estatal que cuide dos recursos hídricos do Vale do São Francisco. Mas isso são conclusões que devemos ter que tratar mais adiante”, afirmou o senador.
A revelação de senador R. Rodrigues belisca o modus operandi adotando por Hildo, que deixava em segundo plano o verdadeiro propósito da Companhia ao pedir liberação de recursos para municípios do MA.
O diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), Marcelo Andrade – que recebeu inúmeras visitas do quase ex parlamentar com pedidos que nada tinham a ver com recursos hídricos como mostra o site do Zeca Soares – chegou a ser convocado na Câmara dos Deputados pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Andrade pontuou que “as doações de máquinas e equipamentos feitas pela empresa são realizadas a partir de pedidos feitos por parlamentares e seguem legislação aprovada pelo Congresso”.
Hildo Rocha, bom de Matemática – só não de coeficiente eleitoral – defendeu o amigo da Codevasf das acusações de falta de transparência no atendimento a pedidos de parlamentares, isso no ano de 2021 quando começou a circular nos corredores de BSB o termo “orçamento secreto” do governo.
O emedebista pontuou que já foi atendido pela Codevasf com a doação de escavadeiras hidráulicas, explicando que o processo desonerava os cofres do governo federal por ser “econômico para a União”.
“A empresa faz a compra em uma escala maior que uma prefeitura. Segundo ele, a máquina custava R$ 500 mil e saiu por R$ 380 mil”, calculou.
Segundo o Wikipédia, Hildo passou a responder processo no Ministério Público Estadual por violação da lei de transparência no repasse de recursos aos prefeitos do Estado. Uma auditoria mostrou 427 convênios no valor de R$ 323,9 milhões, firmados pelo então Secretário de Cidades, entre o final de 2013 e véspera das eleições de 2014 – Rocha foi secretário no governo Roseana Sarney (2009–2014). Os volumosos recursos foram liberados para prefeitos aliados na eleição, justamente nos municípios onde Hildo Rocha recebeu expressiva votação.