Apesar da recente publicação questionando a postura da OAB, acerca da cobrança para aquisição do crachá de acesso ao fórum de São Luís, num ponto específico, ou seja, na defesa da prerrogativa do advogado, em não dividir espaço no mercado de trabalho com aqueles desabilitados, não posso deixar de externar a admiração que nutro pela entidade, orgulho, que, infelizmente, não tenho enquanto jornalista.
Como profissional da imprensa, por conta de um preceito constitucional, sou obrigada a conviver, rotineiramente, com forasteiros despreparados, e sem a devida cognição acadêmica, o que, no mínimo, implica ignorância aos princípios e fundamentos que consubstanciam a Comunicação Social, enquanto ciência responsável pelo estudo dos meios de comunicação de massa.
Hoje, eu e os meus verdadeiros colegas, infelizmente, dividimos espaço com picaretas, que ainda se intitulam “profissionais”, sem nem ao menos saber o real significado da expressão utilizada. Refiro-me aquela meia dúzia de canalhas, que além da falta do conhecimento acadêmico, não possuem o padrão ético-moral indispensável aos formadores de opinião.
Criaturas desonestas que desvirtuam a essência do jornalismo, utilizando o ofício, apenas, para se beneficiar, abrindo empresas e transformando-se em prestadores de serviço junto à administração pública. Trapaceiros desprezíveis que se intitulam os “arautos da moralidade”, no entanto, na prática, são piores que os “batedores de carteira”, aqueles que abordam o cidadão e utilizam a clássica frase, “mãos ao alto”.
Impostores que não são o que aparentam quando estão diante de um microfone ou de uma câmera de televisão, pois, na essência, são propineiros, que usam o poder da mídia, assim como aqueles que criticam, para abarrotar o bolso com o dinheiro saqueado do erário público.
Seres hipócritas que falam em dignidade, honestidade e decência, mas que ao vislumbrar a aquisição de um carro do ano, uma casa bem localizada, e uma vida de alto padrão, esquecem que essas conquistas devem advir da combinação competência x trabalho, e não do mau-caratismo.
Indivíduos baixos, sem escrúpulos, senso crítico e nem vergonha na cara, que muitas vezes batem no peito se achando “os caras”, dizendo que fazem e acontecem, porém ao virar a esquina ou passar por um corredor de um órgão público, são taxados como bandidos, pilantras e escroques, e o que é pior, ainda vislumbram com naturalidade tais adjetivações.
Embusteiros que enquanto estão sendo pagos, alguns a peso de ouro, se fazem de cegos, surdos e mudos, entretanto, tão logo deixam de receber o faz me ri, ainda se acham moralmente capazes de tecer criticas ao outrora patrão.
É, lamentavelmente, precisamos reconhecer a dificuldade da nossa entidade classista em nos proteger da convivência com esse tipo de “profissional mela mão”, nos obrigando a projetar nosso olhar, às vezes, para o chão, visto que, quando somos atacados, temos o dever de nos defender. Fora isso o melhor é seguir o conselho da colega Katia Persovisan, não devendo olhar muito para baixo, haja vista que existem certas pedras que nos impedem de olhar o brilho do sol.
Mas antes de finalizar, muito embora esteja tecendo duas críticas aos intrusos, aqueles que não tiveram competência para ladrilhar o caminho correto, não poderia deixar de referendar e, ainda, externar, o meu respeito às exceções, digo, a alguns dos ícones de nossa profissão, que mesmo sem a formação acadêmica, muitas contribuições deixaram ao jornalismo brasileiro e maranhense. Isso foi possível, acredito, pela profunda convivência com textos de qualidade, associado ao balizamento de suas práticas profissionais em consistentes princípios éticos, alicerçado, acima de tudo, por valores como dignidade, caráter e respeito mútuo ao próximo.
*Jornalista, advogada e pós graduanda em Direito Tributário