O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), decidiu rever duas licitações preparadas na gestão Roseana Sarney (PMDB) que previam a compra de R$ 1 milhão em gêneros alimentícios para as residências oficiais do Estado em 2015. Na lista de 704 itens para abastecer as dispensas constavam, por exemplo, 234 quilos de bacalhau, fresco ou salgado, 646 quilos de patinha de caranguejo e 208 quilos de castanhas, podendo ser de caju, do Pará ou até mesmo portuguesa – dessa última, os 30 quilos custariam R$ 2.472,60.
As concorrências públicas já tinham realizadas ao final dos mandatos de Roseana Sarney, que renunciou ao cargo no dia 10 de dezembro, e do deputado estadual Arnaldo Melo (PMDB), aliado da ex-governadora que a sucedeu para um mandato-tampão até o final de 2014. Contudo, a homologação das licitações não tinha ocorrido e Dino determinou à sua equipe que passe um pente-fino nesses e em outros contratos das gestões anteriores.
Na revisão das duas licitações, a Casa Civil do governo do Maranhão vai avaliar se há excessos nos gêneros alimentares previstos nas compras. Preliminarmente, a avaliação é que será necessário fazer um redimensionamento dos contratos, mas ainda não está descartado até mesmo o cancelamento deles, caso fique constatado que os gastos ultrapassam as reais necessidades de consumo.
Somente em hortifrutigranjeiros para a residência do governador, estava previsto gastar R$ 74,2 mil. São 200 quilos de uva verde e outros 100 quilos de uva roxa, ambas sem semente. Constam também 800 quilos de sorvete, sendo 100 quilos de cada um dos sabores: bacuri, açaí, cajá, creme, chocolate, cupuaçu, tapioca e coco. A compra para abastecer as casas do governador, do vice e veraneio previa a compra de 5.729 litros de refrigerante.
A título de comparação, o valor da cesta básica no Estado em novembro do ano passado, o último dado disponível, foi de R$ 241 51, segundo levantamento do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc), órgão da Secretaria de Planejamento e Orçamento do governo local. O orçamento para o supermercado do governo daria comprar mais de 4,3 mil cestas básicas no Maranhão. O Estado tem o segundo menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, com 0,39, atrás apenas de Alagoas.
Nesta sexta-feira, 9, o governo Flávio Dino apresentará números que demonstram que as gestões anteriores deixaram R$ bilhão em dívidas e apenas R$ 24 milhões no caixa do Executivo estadual. A gestão Dino deve lançar um plano de contingência para reverter o déficit em caixa e realizará uma série de auditorias em áreas como a de saúde para avaliar o uso dos recursos públicos no Estado.
Em janeiro de 2014, quando ainda era governadora, Roseana Sarney adiou três licitações para compra de gêneros alimentícios. A primeira era para contratar uma empresa de organização eventos e serviços de buffet para atos públicos em todo o Estado ao longo do ano. Com custo estimado em quase R$ 1,4 milhão, o pregão pretendia pagar R$ 103,61 por convidado em almoços e jantares e exige, em um dos cardápios, servir canapé de caviar.
Na mesma época, outras duas licitações, que também iria abastecer as residências oficiais do governo, foram adiadas. Elas previam gastos de R$ 1,1 milhão e pretendiam comprar 2,4 toneladas de camarão, 80 quilos de lagosta fresca, 750 quilos de patinha de caranguejo, 50 potes de foie gras e 300 unidades de panetone. Os adiamentos ocorreram após o Broadcast Político e outros órgãos de imprensa terem revelado os gastos nababescos com alimentação da gestão Roseana.
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