Durante a Cúpula do Futuro, realizada na sede da ONU em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a necessidade urgente de que líderes mundiais adotem uma postura mais “ambiciosa e ousada” na proteção do planeta. Lula criticou o progresso lento em relação às metas de desenvolvimento sustentável estabelecidas na Agenda 2030 da ONU. De acordo com o Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), as dificuldades em cumprir os objetivos do Acordo de Paris estão crescendo, com o risco de o aquecimento global atingir até 3°C até o final do século se a inação persistir.
O presidente alertou que, se a redução das emissões de gases de efeito estufa não for acelerada, o planeta estará cada vez mais distante de limitar o aquecimento a 1,5°C, conforme estipulado no Acordo de Paris. Para alcançar essa meta, uma redução de 42% nas emissões é necessária até 2030; caso esse número seja reduzido para 28%, o aquecimento global poderá chegar a 2°C. Lula lembrou os resultados insatisfatórios da COP28, destacando a insuficiência das atuais medidas de redução de emissões e de financiamento climático.
Em um movimento proativo, Lula anunciou a construção de um balanço ético global como parte da preparação para a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém. Ele se comprometeu a trabalhar com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a envolver a sociedade civil em discussões sobre ação climática com ênfase em justiça e solidariedade. O documento resultante, intitulado Pacto para o Futuro, abordará questões como a dívida dos países e a tributação internacional, buscando reposicionar a ONU no debate econômico global.
Lula também abordou a governança digital, destacando o Pacto Global Digital e a Aliança Global contra a Fome, proposta durante a presidência do Brasil no G20. Em relação aos organismos multilaterais, o presidente criticou a falta de autonomia dessas instituições e a prevalência de interesses nacionais sobre o bem coletivo. Ele reiterou a postura neutra do Brasil na crise da Venezuela, buscando mediar as negociações entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, mesmo diante das dificuldades de progresso.