Por João Conrado
A elevação dos preços já assumiu a condição de mais uma etapa da grande obra de Bolsonaro para destruir o país. É assim que prega a grande imprensa, os adeptos do lulo-petismo e um bocado de gente que não se dá ao trabalho, seja por ignorância, seja por oportunismo, de procurar entender as razões do aumento desenfreado de preços. É mais fácil imputar a culpa no presidente do que ir atrás das causas reais do problema.
Não adianta nada dizer que o desabastecimento de produtos mundo afora é reflexo da pandemia e essa mesma escassez de itens nas gôndolas dos supermercados é que provoca a inflação. Não vai resolver dizer que na Europa já se enfrentam filas em postos de combustíveis e que a gasolina beira um euro e meio (algo acima de dez reais) porque o brasileiro acha que os preços altos só existem no Brasil e é pura maldade do governo.
Pensando e agindo dessa forma, é até possível que se consiga derrubar Bolsonaro ou pelo menos inviabilizar a sua candidatura à reeleição, mas o preço a ser pago por tal intenção vai ser muito alto. As notícias falaciosas das más aeções governamentais, da sua inaptidão para governar, da sua falta de tato com a imprensa e opositores, do papel desempenhado no meio ambiente já descontruíram a imagem não só do presidente, mas do país, percebido como um pária no mundo civilizado.
Já se duvida quem derruba mais o Brasil, se o governo ou se os seus detratores. É certo que Bolsonaro adora atirar no próprio pé, mas daí a potencializar toda e qualquer declaração e de lhe imputar outras simplesmente para lhe reduzir ao substrato do que de mais nojento pode existir não é a melhor política. Mas é assim que coisa vem sendo feita, não importando as consequências. Bolsonaro tem que cair e ponto final. Vão-se os dedos, ficam os anéis.
Não há mais nenhuma dúvida de que tudo o que se divulga, verdadeiro ou inventado, faz parte de um plano mais amplo para retornar à dita democracia que agora dizem não existir. Enxerga-se uma ditadura, uma espécie de autoritarismo barato para justificar tudo o que se publica.
Jogam-se os poderes uns contra os outros na intenção de criar o caos necessário à derrocada do governo. Por enquanto, tudo o que se está conseguindo é derrubar o país.
O costume de patrocinar impeachment acabou por se institucionalizar. O governo não agrada, é muito simples: derruba-se o presidente. A vulgarização do impedimento vai acabar tornando a presidência da república em um cargo eivado de riscos e, por consequência, ter o seu ocupante amarrado e sem ações diante do medo de cometer algum erro e ser defenestrado, exatamente como Collor e Dilma o foram. Como construir uma nação forte desse jeito?
Estamos a um ano das eleições e de uma possível mudança de rumos. Por que não deixar o governo governar e mudar o que tem que ser mudado da forma mais democrática possível, ou seja, no voto? Por que criar CPI e denunciar mil e uma coisas com base em depoimentos, muitos deles contraditórios e encenados, enviar tudo isso para cortes internacionais apenas e tão somente com o objetivo de jogar farofa no ventilador? Que coisa mais sem sentido no momento em que a nação, em especial os mais pobres, precisam de união e programas par superar uma situação que é comum em outros países, inclusive nos mais ricos.
Não existem respostas plausíveis ou calcadas na lógica e bom senso democrático. Existem
Respostas coloridas pelas preferências político-eleitorais daqueles que querem se manifestar contra ou a favor. No entanto, enquanto a briga corre solta nos dois extremos do cenário político, o país afunda no agravamento da miséria, da fome e das consequências imprevisíveis que tudo isso pode gerar.