Líder da oposição destacou que pacote de obras lançado por Edivaldo Júnior é máfia para compra de apoio politico
Durante um pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal de São Luís, na manhã desta terça-feira (13), o vereador Estevão Aragão (PSDB) comparou o assessor técnico Ronaldo Lopes Lima ao empresário Paulo César Siqueira Farias, conhecido como PC Farias, que ganhou notoriedade por atuar como chefe de campanha de Fernando Collor de Mello e por seu envolvimento no escândalo de corrupção que levou ao impeachment do ex-presidente da República.
A afirmação foi em resposta a uma série denúncias de supostos pagamentos de propina, agiotagem e até direcionamento de licitações mostrando a institucionalização da corrupção na gestão do prefeito Edivaldo Júnior (PDT).
“São denúncias graves que assolam, e não são só da máfia do lixo, de operador de propina do prefeito, que tem nome e sobrenome – Ronaldo Lima – apontado como propineiro do prefeito. Esquema na Semosp, do asfalto, empreiteiros, que para receber dinheiro, inclusive, o vereador Beto Castro já denunciou na tribuna, que para receber precisam pagar”, disse o parlamentar.
O líder da oposição também questionou o prefeito Edivaldo Júnior em relação às obras do Hospital da Criança, uma promessa que, segundo ele, nunca foi cumprida pelo gestor. Aragão lembrou que, neste mês, completa um ano que o prefeito, ao lado do governador [Flávio Dino] e dos secretários de saúde do Estado [Carlos Lula] e do município [Lula Fylho], esteve no local anunciando a reinício da construção.
“No vídeo do prefeito não tem nada falando da maternidade da cidade operária, onde ele foi com vários vereadores e lançou a pedra fundamental, tendo gastado quase 4 milhões de reais e está la um lixão e ninguém diz nada. Nenhum vereador diz nada, o líder do governo não diz nada”, informou.
No pronunciamento, o parlamentar criticou ainda a promessa das 25 creches que, segundo ele, o prefeito não dá nem prazo, se quer, esperança de quando serão inauguradas, e o líder do governo e a base aliada se mantem todos calados.
“Nesse vídeo do prefeito não se fala em uma creche. No vídeo, não se fala, ainda, nas mais de 5.000 mil crianças, e já estamos em agosto, que ainda não tiveram um dia de aula em 2019”, completou.
Em seu discurso, o vereador tucano também fez duas críticas ao pacote de obras lançado por Edivaldo Júnior e afirmou que o Programa “São Luís em obras” anunciado pelo prefeito na semana passada é uma máfia para compra de apoio político.
“Muita coincidência esse anúncio de que irá começar agora com a proximidade das eleições. Sabe porque no vídeo [institucional] fala de asfalto, praça e feiras? Por que é mais fácil direcionar esse pacote de obras para o vereador x, que apoia ou se omite aqui dentro desta Casa, para se calar diante de tantas denúncias que temos visto diuturnamente na imprensa. Esse direcionamento é uma máfia para compra de apoio político, assim como as emendas que a prefeitura faz nesta Casa, mas eu, enquanto o povo quiser, e se Deus que está no céu permitir, não me calarei diante de tantas atrocidades”, desabafou.
Aragão disse ainda que o programa pode acabar beneficiando o próprio secretário Antônio Araújo, que supostamente é o dono das máquinas.
“Esse pacote de obras fala em asfalto e esse asfalto vagabundo que em seis meses precisa colocar de novo, e assim eles vão fazendo caixa, e esse dinheiro é suado. Esse dinheiro não vem do céu, é meu, seu e da população pobre de São Luís, que é quem paga imposto, incluindo o pessoal do Cajueiro que está sendo expulso de Casa”, destacou.
Estevão Aragão aproveitou para elogiar os jornalistas e blogueiros que ainda noticiam a onda de corrupção que assola a prefeitura de São Luís e fez questão de nominar os veículos e profissionais que publicam matérias sobre o caso.
“Nós temos visto que está sendo divulgado em nossa cidade, manhã, tarde e noite na imprensa, pena que apenas uma parte, e aí quero fazer um parêntese para parabenizar os poucos jornalistas/blogueiros, como o Maranhão Verdade, Neto Cruz e César Durans, que ainda falam sobre a onda de corrupção que assola a prefeitura de São Luís. Esses são os poucos que ainda falam da máfia do lixo”, elogiou.
O parlamentar cobrou do chefe do legislativo uma resposta para os vários pedidos de impeachment contra Edivaldo Júnior que foram protocolados na Câmara.
“Eu ainda não esqueci, o presidente desta Casa, recebeu cinco pedidos de impeachment. O segundo pedido, o presidente, em uma manobra questionável juridicamente, arquivou, já o primeiro foi rejeitado pelo plenário e os outros três estão em alguma gaveta dormindo, repousando”.
Ele encerrou seu pronunciamento falando de denúncias na Semosp, Semurh e Secom, disse que o prefeito deve sair dessa gestão não apenas com a pecha de inapto, incompetente, mas também de corrupto, por conta dos atos de corrupção que estão sendo denunciados. Além disso, cobrou uma reposta do legislativo em relação às denúncias contra a prefeitura.
“E para concluir, pensei que o prefeito ia sair dessa gestão apenas com a pecha de inapto e incompetente, por que não entrega se quer uma creche ou nada do que promete, mas ele vai sair também, como o prefeito cuja gestão mais atos de corrupção foram denunciados. A gente olha nos noticiários que a Secom [Secretaria Municipal de Comunicação] beneficia uma única empresa, a Enter Comunicação, além de reconhecer dívida sem autorização desta Casa, assim como fez o prefeito no PL 55. A Semurh [Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação] também tem sido alvo de graves denúncias por vendas de alvará, licenças, habites, divulgada amplamente na imprensa. A Semosp, a máfia do lixo e agora a máfia do asfalto sendo denunciada. Os pedidos de impeachment, favorecimento de primos, cunhados, amigos e afins do prefeito, amplamente divulgado na imprensa. E a pergunta que faço e deixo: quando é que a Câmara vai se posicionar em relação a tantas denúncias de corrupção na prefeitura de São Luís ou a Câmara vai se omitir?”, concluiu.