Petistas avaliaram que o deputado fez um acordo com Temer e o PSDB para costurar o arquivamento do pedido de cassação
A renúncia de Eduardo Cunha, presidente afastado da Câmara, alvo da Operação Lava Jato, foi encarada por Dilma Rousseff e por ex-ministros como uma jogada para tentar salvar o mandato do peemedebista. Dilma, o ex-presidente Lula e dirigentes do PT, em conversas reservadas, avaliaram que o deputado fez um acordo com o presidente interino Michel Temer e também com o PSDB, para costurar o arquivamento do pedido de cassação.
José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e advogado da presidente afastada, disse que será anexado o pronunciamento de Cunha no processo de defesa de Dilma. Ao renunciar, ele afirmou pagar “um alto preço por ter dado início ao impeachment” da petista.
“O discurso dele cai como uma luva para demonstrar que esse processo foi, o tempo todo, movido por desvio de poder e vingança”, afirmou Cardozo, que foi advogado-geral da União. “Está evidente a má-fé nos atos de Cunha”, disse.
A denúncia contra Dilma só foi aceita por Cunha no exercício da presidência da Câmara em dezembro de 2015, após anúncio de que o PT que não o apoiaria no Conselho de Ética.
No momento, uma estratégia da bancada do PT na Câmara é trabalhar para dividir a base aliada de Temer no Congresso. Petistas avaliam dar apoio a um candidato competitivo, que possa derrotar o nome de preferência do Palácio do Planalto.
Contudo, o partido também está dividido. Há até mesmo uma ala que defende apoio à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) em contraponto a Rogério Rosso (PSD-DF), aliado de Cunha.
De acordo com Ricardo Berzoini, ex-ministro das Relações Institucionais, “trata-se de uma jogada para salvar o mandato de um dos chefes do golpe e rearticular a base do governo ilegítimo de Temer”. O ex-ministro das Relações Institucionais afirmou que “há várias fissuras nessa base e, evidentemente, a renúncia tem o objetivo de amenizar a campanha pela cassação do mandato de Cunha”.
*Com informações do Estadão Conteúdo