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No mundo ideal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva imaginava comemorar os seus 70 anos de idade, nesta terça-feira (27), exaltando o status de estadista adquirido com os oito anos de seus mandatos presidenciais (2003-2010). Na véspera do aniversário, entretanto, presentes indigestos indicavam que a comemoração poderia azedar.
A crise política rondou a periferia da “instituição” Lula em períodos esporádicos, alternando boatos e acusações sem comprovação que não pouparam a sua família. Enquanto a presidente Dilma Rousseff sofria com as constantes críticas de aliados e era espezinhada pela oposição com ameaças de pedidos de impeachment, Lula saía praticamente ileso do bombardeio, ainda que se esforçasse para amenizar a pancadaria contra a sucessora.
Como instância suprema do PT, para o bem ou para o mal, Lula pairava sobre o atual momento político como uma força de resistência admirável, um oráculo que a qualquer momento poderia oferecer a solução para a crise, a despeito da raivosa polarização que se observa na sociedade.
Nesta segunda-feira (26), no entanto, o “escudo” que protegia Lula sofreu uma dura pancada. A Polícia Federal tratou de colocar o ex-presidente dentro do furacão de denúncias que varre a política nacional em praticamente todo o ano de 2015. Investigações das Operações Lava Jato e Zelotes chegaram ao petista e seus familiares. Não bastasse isso, pesquisas apontaram uma queda em sua popularidade.
Na manhã desta segunda-feira (26) a empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente, foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, em São Paulo.
A empresa de Luís Cláudio está na mira da operação Zelotes, que apura um suposto esquema de pagamento de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda. O advogado do empresário afirmou que a ação da Zelotes é “despropositada”.
Os policiais identificaram que a empresa de Luís Claudio recebeu pagamentos da consultoria Marcondes & Mautoni, investigada por suspeitas de ter negociado a edição de uma Medida Provisória que concedeu incentivos fiscais ao setor automotivo.
Um dos sócios da consultoria, Mauro Marcondes, afirmou que o pagamento se referia a um projeto esportivo, área de atuação da LFT.
Na popularidade política, Lula também enfrenta más notícias. Pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (26) pelo jornal “O Estado de S. Paulo” aponta que o ex-presidente tem a maior rejeição entre os prováveis candidatos ao Planalto nas próximas eleições. Lula não teria “de jeito nenhum” o voto de 55% dos entrevistados. Em maio do ano passado, esse percentual era de 33%.
Apesar disso, o ex-presidente continua à frente dos concorrentes quando os eleitores são perguntados em quem votariam “com certeza”: 23% escolheram Lula (era 33% em maio de 2014), ante 15% de Aécio Neves (PSDB) e 11% de Marina Silva (Rede).
Para um político da estatura de Lula, a “liderança”, de certa forma, é um alento, mas é insuficiente para impulsionar o humor do ex-presidente em qualquer comemoração a ser realizada nesta terça-feira