Escolas de Tempo Integral? Essa é uma pergunta que todo pai de aluno e professor da rede de ensino queria saber a resposta da prefeitura municipal. É incrível como o prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior, durante campanha eleitoral, destacou a educação como ferramenta prioritária em seu governo, enfatizando ainda, que o processo educacional inicia desde a formação do profissional e o desenvolvimento do aluno na educação infantil; mas isso, na teoria, é muito fácil mencionar, agora na prática, a realidade dessas escolas é totalmente diferente.
A escola denunciou que a escola conta com apenas 10 cuidadores, um número insuficiente para um ensino integral de qualidade. De acordo com os educadores, a intenção da SEMED foi de “colocar a escola para funcionar” e ir adequando a estrutura aos poucos, fato que reafirma a falta de projeto e a pressa para implementar um serviço à população, sem o devido planejamento.
Não existe dormitório para as crianças e os colchões – comprados pelos pais dos alunos – ficam amontoados dentro das salas de aula. No horário de descanso das crianças os colchões são desamarrados e esticados pelo chão das salas.
Mais escolas de tempo Integral sem estrutura
A professora Márcia Dutra, secretária de Assuntos Educacionais (SAE), do Sindeducação, esteve reunido na tarde desta quarta feira (09), com os professores da Unidade de Educação Básica (UEB) Padre João Mohana, localizada na rua 04, nº 100, bairro São Raimundo.
Na ocasião, professores denunciam que na escola não tem dormitórios, e o almoço trazem de casa. “Ficamos sentadas aguardando os alunos voltarem de suas residências. Às vezes ficamos de cabeça baixa tentando descansar até o inicio do turno vespertino; mas é impossível, pelas condições que são oferecidas pela gestão municipal. De fato, nós professores, acreditamos que essa denuncia, possa fortalecer ainda mais a fiscalização da entidade sindical na luta por melhorias na rede pública municipal”, protestaram.
“Ouvi atentamente os anseios do corpo docente desta escola. A estrutura física apresenta algumas problemáticas, mas o fato é que a Unidade João Mohana necessita de pelo menos 10 cuidadores para tentar suprir a necessidade de uma Escola de Tempo Integral. Não tem material humano suficiente, no entanto, essa grave situação vai retardar o aprendizado do aluno, pois eles vão para o almoço e voltam no outro turno, sendo que a escola diz ser em tempo integral”, reclamou a professora Marcia Dutra, em conversa com os docentes.
“A escola de tempo Integral é uma estratégia educacional contínua no ambiente escolar, onde possibilita um processo mais acelerado no ensino, oferecendo ferramentas dinâmicas e instintivas para o aluno organizar e trabalhar em sala de aula. A saída dos alunos prejudica no desenvolvimento educacional, pois não cumpre o roteiro pedagógico estabelecido pelo tempo integral”, comentou a professora Silvia Regina.
A UEB João Mohana atende cerca de 312 alunos, distribuídos em 10 turmas, sendo 30 em cada sala. Apenas 10 professores se desdobram como podem nos turnos vespertino e matutino.
O ideal, segundo a dona de casa Edileuza Alves, mãe de aluno, seria dois cuidadores em cada turma. “Minha filha está em processo de aprender a ler e escrever. Então ela sente muita dificuldade na leitura, pois não tem cuidadores suficientes na unidade para atender a demanda de alunos”, reclamou.
LDB
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é o organismo geral da educação Brasileira, porém, nem todas as escolas, principalmente as da rede pública municipal não se enquadra dentro das normas, não pelo material humano, mas pela ausência dos órgãos públicos.
A professora Marcia Dutra, em conversa com os professores , constatou que, mesmo com as denúncias do Sindeducação, em relação à situação das escolas de Tempo Integral – que na verdade não tem características e perfil de tempo integral– o poder público permanece de olhos fechado para o problema.
“A escola não segue o parâmetro de acordo com as diretrizes da LDB, funcionando apenas em tempo semi-integral. A dificuldade de professores e alunos tem sido uma luta constante e cansativa, mas nem isso, tem sensibilizado a gestão municipal”, frisou a professora.
Promessas do Prefeito
A reformulação da educação municipal foi uma das principais propostas apresentadas durante a campanha do Edivaldo Holanda Júnior à Prefeitura de São Luís nas eleições de 2012, quando ele derrotou o João Castelo, no entanto, o que ele prometeu, não passou de palavras infundadas e distorcidas.
Em várias tentativas frustradas, o prefeito continua esquecendo de valorizar as escolas públicas da rede municipal, bem como a que ele diz ser de Tempo Integral. Holanda Junior defendeu durante os meses de campanha a modernização da gestão municipal. Já se passaram quase três anos de mandato e nada disso aconteceu.
Educação Integral é Lei
“A Escola de Tempo Integral, associada ao processo de escolarização, pressupõe a aprendizagem conectada a vida e ao universo de interesses e de possibilidades das crianças, adolescentes e jovens. Com essa rotina diferenciada de diretrizes educacionais, a educação integral é uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento da educação do país. A luta do Sindeducação é cobrar do poder público o investimento na educação e aplicação dos recursos do FNDE. Que resolva os problemas das escolas e principalmente com as de tempo Integral”, ressaltou a professora Elisabeth Castelo Branco, presidente do Sindeducação.
A educação Integral está presente na legislação educacional brasileira e pode ser apreendida em nossa Constituição Federal, nos artigos 205, 206 e 227; no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 9089/1990); em nossa Lei de Diretrizes e Bases (Lei nº 9394/1996), nos artigos 34 e 87; no Plano Nacional de Educação (Lei nº 10.179/01) e no Fundo Nacional de manutenção e Desenvolvimento do Ensino Básico e de Valorização do Magistério (Lei nº 11.494/2007).