No contexto político atual, a Lei nº 31 do livro As 48 Leis do Poder de Robert Greene, que orienta: “Controle as ações. Quem dá as cartas é você”, oferece uma perspectiva valiosa sobre como a dinâmica do poder pode ser manipulada, muitas vezes sem que as partes envolvidas percebam. Essa lei sugere que o controle das ações de outros é essencial para consolidar o poder. No entanto, é importante notar que esse controle não precisa ser exercido de maneira explícita ou agressiva, como muitas vezes se imagina. Em vez disso, ele pode ser alcançado de maneira sutil, por meio da criação de condições que aparentemente oferecem liberdade de escolha, mas que, na verdade, sempre direcionam as decisões para o seu próprio benefício.
O governador Carlos Brandão, ao buscar um caminho distinto de seu antecessor Flávio Dino, demonstra que é possível aplicar essa estratégia de controle de maneira mais sofisticada e diplomática. Em vez de adotar uma postura de confronto ou perseguição, como seria esperado em um ambiente de crise política, Brandão tem optado pelo diálogo e pela tentativa de conciliar os interesses da Assembleia Legislativa com os do Executivo. Esse movimento, embora aparentemente suave, reflete uma inteligência política profunda, uma vez que oferece aos atores políticos opções que, no fim das contas, acabam favorecendo a estabilidade de sua gestão e consolidando sua autoridade sem recorrer a métodos drásticos.
De acordo com a Lei nº 31, a manipulação das escolhas alheias não significa necessariamente que o outro lado esteja ciente de que está sendo “guiado”. Quando Brandão escolhe não retaliar ou perseguir os deputados que tentaram minar sua autoridade, ele está, na verdade, controlando o fluxo das ações políticas. Ao escolher o caminho da reflexão e do reajuste, ele coloca seus opositores em uma posição onde, ao se oporem ao governo, eles acabam isolados ou até mesmo forçados a reconsiderar suas atitudes, sem que ele precise adotar táticas agressivas. Esse tipo de controle sutil e indireto é, muitas vezes, mais eficaz do que a imposição direta de poder.
Diferentemente de Flávio Dino, cujo estilo de governança era caracterizado por um rigor quase punitivo e estratégias de intimidação e vigilância sobre seus adversários, Brandão adota uma postura de moderação e diálogo. A ausência de um clima de perseguição ou caça às bruxas cria um ambiente de estabilidade e evita a radicalização das forças políticas no estado. Segundo Greene, quem controla as ações é aquele que impõe os parâmetros dentro dos quais os outros irão agir, muitas vezes sem perceber que estão sendo conduzidos. Essa é, sem dúvida, uma forma mais eficaz de manter o controle político a longo prazo.
Para Brandão, a Lei nº 31 não se traduz em ações de punição ou repressão. Ao contrário, ele deve usar essa lei para estabelecer um ciclo de ação e reação controlado, em que seus opositores, ao buscarem espaço para sua própria atuação, acabam por se colocar em uma posição de vulnerabilidade política. Ele pode fazer isso por meio de uma governança focada no entendimento profundo das relações políticas e na construção de um ambiente que minimize os conflitos e maximize a cooperação. Dessa forma, o controle das ações políticas não precisa vir através de medidas extremas, mas sim por meio da criação de condições que garantam que as decisões se alinhem aos seus objetivos de forma quase inevitável.