Não é de hoje que vivemos tempos de pós-verdade. Grandes narrativas que desprezam, ou desvirtuam, verdades são cada vez mais comuns e, assustadoramente, facilmente aceitas. Fatos objetivos são desprezados e crenças pessoais e emoções apelativas se tornam a principal peça argumentativa e o alicerce de um pseudoconhecimento erguido.
Em um mundo cada vez mais interconectado e de fácil acesso, a abundância não recai somente em informações relevantes e de robusto conhecimento, mas também em narrativas falsas, conspiratórias, tendenciosas ou que priorizam a desinformação.
E, atualmente, o terreno mais fértil para tais desinformações são as redes sociais. Uma desinformação atinge um número incontável de pessoas em apenas alguns segundos. Fato é que os próprios algoritmos destas plataformas engajam o conteúdo para pessoas que se alinham com aquele pensamento, o que é bastante perigoso também, vez que quando o usuário encontra informações que reforçam a sua visão de mundo, além de acreditar sem buscar outros referenciais, dissemina de maneira muito mais veemente.
Com o recente advento e rápida evolução das inteligências artificiais o problema ficou muito mais sério. Agora, além de ser necessária uma robusta verificação sobre o conteúdo da informação, ou desinformação, é preciso observar com muito mais rigor a origem, vez que as inteligências artificiais são capazes de criar vídeos cada vez mais realísticos, impossibilitam o homem médio de identificar se aquele produto é humano ou digital.
A inteligência artificial Sora, por exemplo, que é a nova inteligência artificial da OpenAI, mesma criadora do ChatGPT, promete criar vídeos ultrarrealistas, com qualidade profissional a partir de frases digitadas pelo usuário ou, ainda, a partir de imagens estáticas.
E é evidente que as inteligências artificiais serão cada vez mais comuns durante as campanhas eleitorais.
Antevendo os problemas vindouros e a atual falta de regulamentação quanto às inteligências artificias, o Tribunal Superior Eleitoral, em sessão realizada na noite do último dia 27 de fevereiro, aprovou as resoluções que serão aplicadas nas eleições municipais de 2024.