O debate da Rede Globo, na avaliação das duas principais campanhas, tinha potencial de ser decisivo para a eleição presidencial. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentava conseguir os pontos que, indicam as pesquisas de intenção de voto, faltam para liquidar a disputa no 1º turno. Jair Bolsonaro (PL), obviamente, queria impedi-lo. No fim, ambos derraparam. Os candidatos nanicos roubaram a cena. Os ataques entre os participantes predominaram, e ficou difícil prestar atenção nas poucas propostas apresentadas.
O confronto direto entre Lula e Bolsonaro foi por meio de 6 pedidos de resposta concedidos (de 8 pedidos entre esses 2 candidatos). Eles não fizeram perguntas um para o outro. Só se encararam no 1 minuto e 30 segundos de cada direito de resposta. Tudo isso ainda no 1º bloco. O objetivo de Bolsonaro era aumentar a rejeição de Lula. Visava tanto evitar uma derrota no 1º turno quanto preparar a campanha do 2º turno, quando a rejeição dos candidatos é mais decisiva.
O objetivo de Bolsonaro era aumentar a rejeição de Lula. Visava tanto evitar uma derrota no 1º turno quanto preparar a campanha do 2º turno, quando a rejeição dos candidatos é mais decisiva.
Evocou casos de corrupção no governo do petista. Chamou-o de “ex-presidiário” duas vezes, em referência ao tempo que Lula ficou preso. Nesse esforço, a novidade foi o presidente da República dizer em rede nacional que o adversário havia sido o “mentor intelectual” do assassinato, em 2002, do então prefeito de Santo André Celso Daniel (PT). Lula teve o direito de responder à acusação. Disse que Celso Daniel era seu amigo e que Bolsonaro deveria “se olhar no espelho”. Em outros momentos, citou investigações contra a família do presidente. Também tentou tachar Bolsonaro de mentiroso.
O petista foi melhor no 1º bloco do debate da Globo do que havia ido no debate transmitido pela TV Bandeirantes no início da campanha. Mas Lula foi alvo preferencial dos demais adversários na maior parte do tempo. Se algum dos participantes tiver sofrido alguma avaria, foi o petista. Caso consiga liquidar a eleição no domingo, não terá sido por causa de seu desempenho no debate da Globo. Bolsonaro, por outro lado, teve em Padre Kelmon (PTB) uma generosa linha-auxiliar. Ambos tabelaram em diversos momentos, repetindo a dobradinha que protagonizaram no debate no SBT.
Bolsonaro teve a oportunidade de perguntar diretamente ao petista, mas não o fez. Coube a Kelmon retomar o tema da corrupção, provocar Lula com o microfone desligado (algo vedado pelas regras do debate) e tirar o ex-presidente do sério. Deu um “nó tático” no adversário….