O petista Domingos Dutra, um dos principais deputados da Comissão de Direitos Humanos, foi acusado de cobrar parte do salário de funcionários que contratou, mas que liberou do trabalho
CAMARADA
Segundo a ex-chefe-de-gabinete de Dutra, o petista usava
assessores parlamentares para atividades particulares
O deputado federal Domingos Dutra, do PT do Maranhão, é uma dessas vozes que costumam se erguer para apontar erros de outros políticos. Mas tempos atrás o ex-petista esteve do outro lado. Membro da Comissão de Direitos Humanos, o parlamentar foi acusado de contratar funcionários fantasmas, fornecer assessores para o escritório de advocacia de sua mulher, Núbia Dutra Feitosa, de cobrar a devolução de parte dos salários desses funcionários e até doações de campanha. O caso foi primeiro denunciado à Polícia Civil maranhense pela auxiliar de escritório Regiane Abreu dos Anjos. Em boletim de ocorrência, datado de 25 de abril de 2011, a mulher relata que trabalhou para Núbia por três meses e, após ser demitida, tomou conhecimento de que era funcionária da Câmara dos Deputados. Dutra a manteve na folha de pagamento até aquele mês.
O caso de Regiane Abreu se soma a vários outros, segundo relato de Márcia Rabelo, ex-chefe-de-gabinete de Dutra. Em entrevista à ISTOÉ, ela confirmou que a mulher do deputado usa assessores parlamentares para atividades particulares. “Eu servi de capacho dela muitas vezes e tinha funcionária do gabinete que passava três dias redigindo petição para ela”, diz Márcia, que também revela que foi obrigada por Núbia a devolver parte do salário. “Depositei na conta de uma menina que trabalhava com ela. Tenho o recibo.” Ao analisar cópias de folhas de frequência dos funcionários de Dutra, de outubro de 2009 a julho de 2011, a ex-chefe-de-gabinete identifica 16 funcionários que ela julga serem fantasmas. “Nunca ouvi falar dessas pessoas, nem em Brasília nem em São Luís.”
ESQUEMA
A denúncia foi registrada em Boletim de Ocorrência
Entre os nomes está o de Rondinele Francisco Santos da Silva, morador da pequena cidade de São José de Ribamar, a 32 quilômetros da capital maranhense. Questionado por ISTOÉ, Rondinele desconhece o emprego no gabinete do petista. “Não trabalhei com ele, não”, afirma. “Quem trabalhou foi outra pessoa, mas não sei o nome.” Outra fantasma de Dutra seria Simone Carvalho, que, segundo a ex-chefe-de-gabinete do petista, só vai à Câmara para bater ponto. No gabinete, uma secretária confirmou à ISTOÉ, em ligação gravada, que Simone deixou o cargo em janeiro. Minutos depois, quando a reportagem se identificou, a versão mudou. Em sua defesa, Dutra alega que está sendo vítima de “denúncias orquestradas” pelo senador José Sarney (PMDB/AP). “Em 30 anos de atividade profissional, jamais me envolvi em maracutaias.” Será?
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