Skip to content

Professores do interior reagem a tentativa do prefeito em dar zignal nos juros do FUNDEF; entenda o caso

Neto Cruz, 2 de novembro de 2025

O prefeito de São João Batista está no centro de uma polêmica que revoltou a categoria mais sofrida e desrespeitada da cidade: os professores. Um projeto de lei encaminhado à Câmara Municipal tenta usar os juros dos precatórios do Fundef – valores que pertencem aos profissionais da educação por direito reconhecido pela Justiça – para outros fins. A proposta é vista como uma tentativa disfarçada de confiscar parte do dinheiro que deveria ir diretamente aos educadores, em afronta às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal de Contas da União (TCU), que já determinaram que pelo menos 60% desses recursos, incluindo juros e correção, devem ser pagos ao magistério.

A iniciativa do Executivo municipal é juridicamente questionável e moralmente inaceitável. A Constituição Federal, em seu artigo 212, determina que os recursos vinculados à educação devem ser aplicados exclusivamente na manutenção do ensino e na valorização dos professores. O uso dos juros para outros propósitos configura desvio de finalidade, ofende o princípio da moralidade administrativa (art. 37 da Constituição) e pode ser enquadrado como ato de improbidade, conforme o artigo 11 da Lei nº 14.230/2021. Em outras palavras, o prefeito tenta fazer o que a lei proíbe: se apropriar do que pertence aos professores.

Os educadores, cansados de promessas e humilhações, reagiram. Em uma carta aberta, cobram dos vereadores coragem e decência para rejeitar o projeto ou emendá-lo, garantindo que a integralidade dos juros seja destinada à categoria. Lembram que foram 20 anos de luta, salários defasados, salas de aula precárias e abandono do poder público. Agora, quando a Justiça reconhece o direito e o dinheiro finalmente chega, o prefeito quer reescrever as regras para usar o que não lhe pertence.

A tentativa de desviar os juros do Fundef é mais do que uma afronta jurídica: é um tapa na cara de quem manteve a educação de pé mesmo quando o Estado virou as costas. O Supremo já pacificou o entendimento de que os juros fazem parte do principal e têm a mesma destinação constitucional. O TCU, em diversos acórdãos, reforçou que qualquer uso diferente fere a legalidade e pode gerar responsabilização pessoal dos gestores.

O povo de São João Batista está de olho, e os vereadores estão diante de uma escolha histórica: defender o direito dos professores ou compactuar com o desrespeito. Muitos deles são educadores, filhos ou netos de professores. Votar a favor do projeto é trair sua própria história e sua própria classe.

Os professores não pedem favor, exigem justiça. E justiça, neste caso, é aplicar a lei e garantir que os recursos do Fundef – principal e juros – cheguem a quem sustentou a educação do município com esforço, dignidade e resistência. Tudo o que fugir disso é imoral, ilegal e inaceitável.

Veja a nota na íntegra:

CARTA ABERTA AOS VEREADORES DE SÃO JOÃO BATISTA – MARANHÃO

Senhores(as) Vereadores(as) do Município de São João Batista,

Nós, professores e professoras da rede municipal de ensino, dirigimo-nos a esta Casa Legislativa com profundo respeito, mas também com indignação e sentimento de injustiça diante do Projeto de Lei enviado pelo Poder Executivo que prevê a utilização dos juros dos precatórios do FUNDEF para outros fins que não o pagamento dos profissionais da educação.

Foram 20 anos de espera, de lutas, de ações judiciais, de salas de aula com estrutura precária, salários defasados, desvalorização e silêncio do poder público. Agora, finalmente, o recurso está na conta do município e, mais uma vez, tentam retirar o que é nosso por direito.

É importante lembrar que:

A legislação, bem como decisões do Tribunal de Contas da União e do Supremo Tribunal Federal, reconhecem que pelo menos 60% dos precatórios do FUNDEF – e seus respectivos juros – pertencem aos professores;

Os juros são fruto da demora do Estado em pagar o que era devido à educação. Portanto, não são sobras, não são excedentes, são parte do que foi retido injustamente por décadas;

Muitos dos senhores vereadores são professores, foram alunos da rede pública, são irmãos, cônjuges ou filhos de professor. Sabem da nossa luta, conhecem de perto a realidade das escolas e o valor do nosso trabalho.

Diante disso, apelamos à consciência, ao compromisso ético e ao respeito à categoria docente para que esta Câmara NÃO APROVE o projeto da forma como está. Aprovar essa lei é aceitar que, depois de vinte anos de espera, o professor continue sendo o último da fila.

O que pedimos:

Que o projeto seja devolvido ao Executivo ou emendado para garantir que os juros dos 60% dos precatórios também sejam destinados integralmente aos professores;

Que os vereadores se posicionem com coerência, lembrando que quem trai sua categoria, trai sua própria história;

Que esta Casa Legislativa cumpra seu papel de defender os direitos do povo, e não de validar injustiças.

Finalizamos afirmando:

Não pedimos favor. Reivindicamos direito.

Não falamos só em nosso nome, mas em nome de toda uma categoria que educou gerações – inclusive muitos que hoje ocupam esta Casa.

Este é o momento de mostrar de que lado cada vereador está: do lado da educação e da justiça ou da omissão e do desrespeito.

Respeitosamente,

Professores e Professoras de São João Batista – Maranhão

Política

Navegação de Post

Post Anterior
Próximo Post

Posts Relacionados

Política

PRESIDENTE JUSCELINO – Vereador de Rosário é um dos “sócios” da empresa que extrai areia do rio munim

29 de novembro de 201729 de novembro de 2017

A empresa MODERNA MINERAÇÃO LTDA, que tem como endereço a Rua Monsenhor Bacelar, Casa 1, endereço este até agora tido como “fantasma” por populares, pois na rua em questão não existe nenhum escritório ou placa da referida empresa, tem como sócios  MARIA TERESA DE ALMEIDA MACHADO MORAES e POSTOS DE COMBUSTIVEIS JCA…

Leia Mais
Política

Com recursos próprios, Prefeito Eduardo Braide cria Auxílio Municipal Emergencial para artistas e agremiações culturais

20 de fevereiro de 2021

 O prefeito de São Luís, Eduardo Braide, lançou o Auxílio Municipal Emergencial – Carnaval de São Luís, destinado aos artistas e agremiações culturais, em decorrência da suspensão dos eventos carnavalescos em 2021, por conta da pandemia da Covid-19. O Projeto de Lei foi encaminhado à Câmara Municipal nesta sexta-feira (19)….

Leia Mais
Política

Carlos Lula cobra transparência e solução para os problemas recorrentes no transporte público em São Luís

25 de abril de 2023

  O deputado estadual Carlos Lula (PSB) cobrou mais transparência da Prefeitura de São Luís sobre a administração do transporte público da capital. Os rodoviários iniciaram uma greve na Grande São Luís, nesta terça-feira (25). A decisão aconteceu após audiência de mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), que terminou…

Leia Mais

PUBLICIDADE

POSTS POPULARES

  • Professores do interior reagem a tentativa do prefeito em dar zignal nos juros do FUNDEF; entenda o caso
  • Traição à Educação: vereadores do interior afrontam o direito dos professores ao aprovarem uso dos juros do FUNDEF
  • CACHOEIRA GRANDE EM CHAMAS: César e Thamiris travam duelo de gigantes pelo comando do Munim
  • Exclusivo! Guarda Municipal saca arma contra motorista de ônibus após negar carona; VÍDEO
  • FUFUCA NA CORDA BAMBA: o Ministro que quer voar alto demais e pode ‘cair no fosso’ como Gastão e Sarney Filho
©2025 Neto Cruz | WordPress Theme by SuperbThemes