A crise ambiental que sacode Rosário escancarou um cenário que muitos já suspeitavam, mas ninguém tinha coragem de enfrentar. A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, decidiu peitar uma das maiores empresas do setor de resíduos do Maranhão: a Central de Gerenciamento Ambiental Titara S/A. O motivo? O descarte irregular de chorume dentro das próprias instalações da empresa — um líquido tóxico, escuro e fétido, resultado da decomposição do lixo urbano.
Segundo o auto de infração, o chorume estava sendo despejado sem tratamento, em solo supostamente “impermeável”, o que não impediu o forte odor que invadiu comunidades próximas e levantou uma onda de denúncias. O flagrante rendeu uma multa de R$ 2 milhões — a maior já aplicada pela Prefeitura de Rosário.
Ver essa foto no Instagram
A situação chegou ao limite quando moradores das comunidades vizinhas organizaram um protesto em frente ao portão principal da empresa. Com cartazes, faixas e gritos de revolta, eles exigiram providências imediatas e o encerramento das atividades até que a Titara comprove o tratamento adequado dos resíduos. “Estamos respirando veneno”, disse uma moradora do bairro Boa Vista, que afirma conviver com o cheiro nauseante dia e noite. O ato bloqueou parcialmente a via de acesso e chamou atenção das autoridades locais e da imprensa.
A postura da gestão municipal gerou rebuliço no meio empresarial e político. A Titara, acostumada a operar silenciosamente sob contratos que envolvem praticamente toda a Grande São Luís — incluindo São Luís, Ribamar, Paço do Lumiar, Raposa, Axixá e Morros — agora enfrenta o maior desgaste de sua história.
Fontes ouvidas pelo blog afirmam que a empresa tenta minimizar o caso, alegando que o líquido era “descartado com segurança”. A justificativa, porém, não convenceu nem a equipe de fiscalização, nem os moradores, que relatam o “mau cheiro insuportável” há meses.
O episódio reaquece a polêmica sobre a responsabilidade da Titara em acidentes anteriores. Em 2024, três funcionários morreram asfixiados dentro da estação de tratamento da empresa, em Rosário, após inalar gases tóxicos — e, segundo as investigações, sem o uso de equipamentos de proteção. Até hoje, ninguém foi responsabilizado.
Nos bastidores, comenta-se que o embate entre a Prefeitura e a Titara pode ir parar na Justiça, com direito a pressão política e tentativa de abafamento do caso. Mas, ao que tudo indica, desta vez o prefeito resolveu comprar a briga e fazer o que há anos era empurrado para baixo do tapete: enfrentar os poderosos do lixo.
Rosário, enfim, assiste a um raro momento de inversão de papéis — quando o poder público se impõe, e a empresa que lucra com o lixo é quem acaba atolada nele.

