
Uma mãe imperatrizense vive um dos momentos mais angustiantes que se pode imaginar: o silêncio absoluto sobre o paradeiro do próprio filho em meio a uma guerra. Rafael Paixão de Oliveira, de 29 anos, deixou o curso de Direito em Imperatriz em agosto de 2024 para tentar uma nova vida na Europa, mas acabou recrutado para integrar o exército ucraniano. Desde o último dia 10 de junho, após um novo ataque russo com drones e mísseis, sua mãe não tem mais qualquer notícia concreta sobre ele.
Segundo relatos de outros combatentes, Rafael teria sido atingido durante o bombardeio, mas há um pacto de silêncio: os sobreviventes foram proibidos de divulgar informações, o que só amplia o sofrimento da família.
“Estou morrendo um pouco a cada dia. Os comandantes estão omitindo informações, pedem para esperar, enquanto tudo o que recebo são suposições. Ninguém confirma se meu filho está vivo, ferido ou morto”, desabafou a mãe, em pranto, ao relatar a jornada desesperada por respostas.
Ela conta que já buscou apoio em diversas frentes: contatou o Itamaraty, a Embaixada Brasileira na Ucrânia, o Consulado e até mesmo integrantes do Governo Federal, mas o que tem recebido são apenas respostas evasivas. Uma médica brasileira, que também está em território ucraniano, chegou a vasculhar hospitais em busca de Rafael, sem sucesso.
Rafael sobreviveu a um bombardeio em abril deste ano, mas agora sua vida parece ter sido novamente posta em risco – ou tragicamente interrompida – em meio a mais um ataque russo. Desde então, a mãe vive mergulhada num limbo entre a esperança e o luto.
O caso de Rafael Paixão expõe não apenas a dor de uma mãe maranhense, mas a urgente necessidade de atenção das autoridades brasileiras diante de seus cidadãos que, voluntária ou involuntariamente, se envolvem em conflitos internacionais.
É dever humanitário do Estado brasileiro – conforme previsto na Constituição Federal e em tratados internacionais – prestar amparo consular, buscar esclarecimentos e proteger seus nacionais no exterior. A omissão ou inércia diante de casos assim fere não só os laços diplomáticos, mas a dignidade humana de quem aguarda respostas.
Até quando o Brasil vai fechar os olhos para seus filhos em solo estrangeiro?