Com mais de um século de tradição, o Bumba Meu Boi da Matinha, do município de São José de Ribamar, vive em 2025 um dos momentos mais emblemáticos de sua longa trajetória: o da superação coletiva e reconstrução cultural. Após 113 anos de história, a brincadeira esteve perto de silenciar seus pandeiros — mas foi resgatada pela força da comunidade e pelo amor inabalável à cultura popular maranhense.
Quando a nova diretoria assumiu a gestão do grupo, encontrou um cenário de total abandono: sede sem água, sem luz, indumentárias sujas e rasgadas, instrumentos danificados ou ausentes, e até os tradicionais bois “Brasileiro” e “União da Redondeza” deteriorados, vítimas do descaso da antiga administração. A revolta foi imediata. A comunidade se mobilizou, retomou a sede e expulsou quem dificultava o renascimento da brincadeira.
A partir daí, começou uma verdadeira jornada de reconstrução. Foram realizados bingos, rifas, campanhas de doações, tudo com o apoio de brincantes, sócios, admiradores e até políticos comprometidos com a preservação da cultura. Aos poucos, o Boi da Matinha foi se reerguendo — com ensaios lotados, novo batizado e a alegria de voltar a trupiar em diversos arraiais, incluindo o da Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA), onde emocionou o público.
A diretoria reconhece que ainda há muito a ser feito para alcançar o brilho de outros tempos, quando a Matinha arrastava multidões pelas ruas do Maranhão. No entanto, o sentimento dominante é de orgulho. O boi está vivo, pulsando em cada toque de matraca, em cada toada cantada, em cada olhar emocionado.
Com uma agenda modesta, mas cheia de significado, o Boi da Matinha promete marcar presença nos principais eventos da temporada junina, com destaque para o tradicional encontro de bois no dia 30 de junho, em São Marçal, e o emblemático Lava-Bois de Ribamar. O encerramento da temporada está previsto para o dia 10 de agosto, com a simbólica “morte do boi”.
Mais que uma brincadeira, o Boi da Matinha é resistência, memória e devoção. E em 2025, provou que a cultura popular do Maranhão é feita, sobretudo, pelo povo — e para o povo.