O que deveria ser uma entidade de apoio à classe trabalhadora transformou-se em um verdadeiro bunker de manipulação eleitoral. O Sindicato dos Pescadores de Presidente Juscelino — cidade vizinha a Axixá — é hoje o centro de uma teia de fraudes que ameaça implodir a legitimidade da eleição da prefeita Roberta Barreto.
A denúncia, robusta, grave e com um conjunto probatório de fazer inveja a qualquer 2º lugar nas eleições expõe um esquema que mistura compra de votos, coação, abuso de poder econômico e, principalmente, a “prostituição” de uma instituição sindical. Sim: o sindicato virou balcão de troca de favores eleitorais. O voto foi negociado como peixe em feira.
Votação inflada, presidente fantoche e fraude em série
O rastro da fraude começa pela votação estranhamente alta de Leandro Mendonça, vereador eleito com nada menos que 934 votos — número completamente fora da curva histórica da cidade. Em 2020, a mais votada havia feito 595 votos; em 2016, o recorde era 437. O salto beira o sobrenatural. Mas a explicação é terrena: Leandro é marido da presidente do famigerado sindicato, apontado como QG logístico do esquema.
Segundo depoimentos, o sindicato foi instrumentalizado para cooptar eleitores de cidades vizinhas, especialmente pescadores interessados no seguro defeso, um benefício federal. A “moeda de troca” era clara: transfira o título para Axixá e ganhe acesso ao benefício. Em troca, o voto iria direto para Roberta e seus aliados.
“Se transferência é crime, já fizemos umas 300”: a confissão que escancara o golpe
O álibi exala podridão… um áudio criminoso, anexado à Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), onde um cabo eleitoral, de forma debochada, declara:
“Rapaz, se transferência é crime então eu vou passar uns 30 anos na cadeia né, já transferimos uns 300 e poucos títulos”.
A fala, digna de um filme de máfia italiana, é apenas uma entre dezenas de evidências coletadas: áudios, vídeos, depoimentos e documentos que expõem o uso descarado de recursos públicos e estruturas sindicais para forjar uma vitória.
Vovó analfabeta usada como laranja
Não bastasse a imoralidade política, o esquema também beira o desumano: uma senhora analfabeta de 82 anos teve seus documentos utilizados — sem autorização — para simular residência em Axixá e justificar a transferência de cerca de 50 títulos eleitorais. A denúncia partiu da própria filha, que relatou o caso à Justiça Eleitoral.
E não para por aí: as esposas dos vereadores Erinaldo Lima (“Nhorico”) e Leandro Mendonça, respectivamente Laíde Santos Pestana e Zilmar Araújo Silva, são citadas como peças-chave na operação do sindicato. Agiam como operadoras do esquema, segundo os autos.
Ministério Público: “A eleição foi um jogo de cartas marcadas”
O Ministério Público Eleitoral não poupou palavras em sua manifestação. Segundo o órgão, a eleição de 2024 foi viciada desde o início. A promotoria aponta “crescimento artificial do eleitorado”, uso indevido da máquina pública, transporte ilegal de eleitores, coação com viaturas da Polícia Militar e, claro, corrupção sindicalizada como métodos empregados para garantir o controle das urnas.

A acusação também é direta contra o irmão da prefeita, Luiz Alberto Cabral Barreto, que teria utilizado a força policial como ferramenta de intimidação contra adversários e eleitores. A democracia, em Axixá, foi algemada.
Justiça Eleitoral de 1º grau lavou as mãos. Agora, o TRE e o TSE terão a palavra
Apesar das provas esmagadoras, a 31ª Zona Eleitoral de Icatu ignorou os fatos e julgou improcedente a ação, provocando revolta nos bastidores da oposição. A coligação “Axixá Não Pode Parar” recorreu da decisão ao Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), onde a expectativa é de que a verdade prevaleça sobre a blindagem política.
Caso o TRE reconheça a fraude, Roberta Barreto poderá perder o mandato e ficar inelegível por oito anos. A queda da prefeita puxaria também os vereadores eleitos no mesmo esquema, abrindo espaço para novas eleições e, talvez, a restituição da vontade popular.
Enquanto a Justiça não se pronuncia, fica uma certeza: o Sindicato dos Pescadores de Presidente Juscelino não representa mais a classe trabalhadora — virou uma lavanderia de votos sujos. Um aparato paralelo de poder, operado por espertalhões que vestem a fantasia de sindicalistas, mas agem como agentes do crime político.
E você, eleitor de Axixá, vai aceitar que um sindicato fraudulento decida o seu futuro?
A hora da verdade está chegando. E, como diz o velho ditado nordestino, quem planta vento… colhe tempestade.