
Embora busque se consolidar como alternativa ao Senado Federal nas eleições de 2026, o pré-candidato Dr. Hilton Gonçalo, ex-prefeito de Santa Rita, tem sua movimentação política marcada por dúvidas quanto ao real alcance estadual de sua candidatura e à sua experiência em pautas de interesse nacional.
Na última terça-feira (10), Gonçalo promoveu uma nova rodada de articulações políticas, reunindo vereadores e ex-prefeitos de municípios como Penalva, Timbiras, Turiaçu e Presidente Juscelino (foto). Neste caso, todos os vereadores são ligados ao atual prefeito, que tem uma dívida ad aeternum com Josimar de Maranhãozinho. No entanto, o que se apresenta como “fortalecimento da pré-campanha” também levanta críticas de setores políticos e analistas sobre a base de sustentação da candidatura.
“O perfil de apoio que ele apresenta é majoritariamente local e periférico. Faltam nomes com relevância no Congresso, no Governo do Estado ou mesmo nas estruturas partidárias nacionais. Isso aponta para uma candidatura que pode não ter fôlego para o debate federalizado que o Senado exige”, afirmou um cientista político ouvido pela reportagem, sob anonimato.
Com quatro mandatos como prefeito, Hilton Gonçalo tenta projetar uma imagem de gestor eficiente. Contudo, críticos apontam que sua carreira está fortemente limitada à administração municipal de Santa Rita — sem qualquer passagem por mandatos legislativos em nível estadual ou federal.
Essa ausência de trajetória parlamentar levanta dúvidas sobre sua capacidade de atuar em um Senado cada vez mais técnico, que demanda domínio de temas complexos como orçamento da União, políticas econômicas, reformas estruturantes e articulação federativa.
“Ser prefeito é uma coisa. Ser senador exige uma compreensão profunda do pacto federativo e da formulação de leis que impactam todo o Brasil”, destacou outro observador político.
A gestão de Hilton em Santa Rita, embora exaltada por aliados, tem sido classificada por opositores como populista e voltada a ações imediatistas, com resultados questionáveis no longo prazo. Além disso, o nome do pré-candidato está envolvido em polêmicas sobre possível concentração de poder político familiar, uma vez que diversos membros de sua família ocupam cargos eletivos ou estratégicos na região.
Esse fator tem gerado desconforto entre setores que defendem a renovação política no estado. Para críticos, a pré-candidatura de Hilton pode representar mais a continuidade de um projeto pessoal do que uma proposta efetiva de transformação política para o Maranhão.
Outro ponto que enfraquece a pré-candidatura é a ausência de Hilton Gonçalo em debates estaduais importantes nos últimos anos. Pouco se ouviu sua voz, por exemplo, durante discussões sobre os impactos da pandemia, a reforma tributária, o novo pacto federativo ou as crises ambientais que afetam o Maranhão.
“O Senado exige posicionamento firme em pautas nacionais. O Dr. Hilton ainda precisa mostrar que está pronto para esse desafio. Até agora, sua pré-campanha se mostra mais um esforço de autopromoção do que um projeto sólido para o estado”, conclui o analista político.