Enquanto o médico e político Hilton Gonçalo anuncia sua pré-candidatura ao Senado Federal com um discurso centrado em desenvolvimento e “compromisso com o povo maranhense”, setores da sociedade civil, analistas políticos e opositores levantam questionamentos importantes sobre a efetividade de sua gestão, a viabilidade de seu nome no cenário eleitoral e a real independência política que prega.
Apesar da retórica de “resultados concretos” repetida por seus apoiadores, o legado de Hilton Gonçalo à frente da Prefeitura de Santa Rita não é consenso. Críticas recorrentes apontam para a concentração de poder político familiar no município, com o comando da máquina pública sendo exercido, alternadamente, por ele e sua esposa, Fernanda Gonçalo, “atual prefeita” de Bacabeira. Tal dinâmica levanta dúvidas sobre clientelismo político, aparelhamento institucional e ausência de renovação democrática.
Além disso, a extensão real dos programas sociais e das obras atribuídas à sua gestão também é objeto de contestação. Moradores de comunidades periféricas de Santa Rita relatam desigualdades no acesso a serviços básicos e infraestrutura precária, o que contrasta com a imagem de “modelo de gestão” propagada pelo pré-candidato. A execução de obras como casas populares e asfaltamento de vias, por exemplo, tem sido apontada como limitada e concentrada em áreas específicas, beneficiando eleitorados cativos e redutos políticos tradicionais.
Outro ponto de crítica é a ausência de uma trajetória legislativa ou atuação expressiva no debate político estadual ou nacional. Embora quatro mandatos como prefeito configurem experiência administrativa, falta a Hilton Gonçalo uma atuação robusta em pautas legislativas complexas, como reforma tributária, política ambiental, regulação fundiária ou combate às desigualdades regionais – todas centrais para um senador da República.
Sua promessa de “diálogo com os municípios” e “articulação de recursos” no Senado também soa genérica, considerando que tais compromissos são comuns em discursos de pré-candidatura e raramente se convertem em diferenciais reais. A indefinição sobre alianças políticas mais amplas, inclusive com os grandes partidos que hoje dominam o Congresso, também fragiliza seu posicionamento como alternativa viável ao eleitorado estadual.
No campo eleitoral, Hilton Gonçalo parte com desvantagem frente a nomes de maior projeção estadual ou nacional. Pesquisas de intenção de voto até o momento não o posicionam entre os favoritos para a disputa de 2026, o que indica o desafio de furar o bloqueio midiático e estrutural das grandes candidaturas.
Portanto, embora a pré-candidatura de Hilton Gonçalo tenha sido lançada com entusiasmo e simbolismo de “gestão eficiente”, os fatos revelam um cenário bem mais complexo, permeado por contradições entre discurso e prática, além de incertezas quanto à sua viabilidade eleitoral e real capacidade de representar, de forma ampla e plural, os interesses do Maranhão no Senado Federal.