São Luís — Um homicídio dentro das próprias fileiras da Polícia Militar do Maranhão expôs, mais uma vez, os riscos do desequilíbrio psicológico não tratado entre agentes da segurança pública. Na manhã desta quinta-feira (29), o capitão da PMMA, Breno Marques Cruz, foi assassinado a tiros por um colega de farda, o tenente Cássio de Almeida Soares, dentro da Academia de Polícia Militar “Gonçalves Dias”, no bairro Renascença.
O crime ocorreu por volta do início do expediente. O tenente, que estava afastado das atividades por apresentar transtornos psicológicos, chegou à academia perguntando diretamente pelo capitão Breno. Em seguida, sacou uma arma de fogo e atirou contra o oficial, que ainda foi socorrido e levado com urgência ao Hospital do Servidor, situado em frente à unidade, mas não resistiu aos ferimentos.
De acordo com relatos de colegas de trabalho, o tenente Cássio vinha demonstrando sinais de instabilidade emocional nas últimas semanas. Ele era descrito como “atordoado” e vinha acumulando problemas disciplinares. Fontes da corporação informaram que o capitão Breno havia recentemente instaurado um inquérito disciplinar contra ele, o que pode ter sido o estopim para o crime.
Capitão da PM é morto a tiros por tenente dentro de academia militar em São Luís
Apesar de o caso ainda estar sob investigação, a principal linha adotada pelos investigadores aponta para um descontrole emocional motivado por questões internas da corporação. Não há indícios de motivação passional ou envolvimento de terceiros.
O capitão Breno Cruz era considerado um oficial tranquilo e respeitado. Atuava no setor administrativo da academia militar e era casado com uma tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão. O casal não tinha filhos.
O tenente foi preso em flagrante após o homicídio e está à disposição da Justiça. A Polícia Militar do Maranhão lamentou o ocorrido e informou que está colaborando com a apuração dos fatos, além de prestar apoio à família da vítima. O caso também será investigado pela Polícia Civil, por meio da Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP).
“Ele veio aqui aonde eu trabalho, simplesmente desabafou que não aguentava mais a PM, estava recentemente separado, o carro dele estava cheio de roupas , parecia que ele morava dentro do carro, já se mostrava com problemas psicológicos e olha que eu vi ele só uma vez”, relatou fonte da página.
O assassinato chocou os quadros da PMMA e reacendeu o debate sobre a necessidade urgente de protocolos mais rígidos de avaliação psicológica e acompanhamento permanente da saúde mental dos policiais militares em atividade e mesmo daqueles afastados.