
Com a proximidade do Carnaval de 2025, o setor de turismo experimenta um aumento significativo na demanda, o que gera oportunidades de emprego temporário, especialmente em segmentos como bares, restaurantes, hotéis e transporte. A contratação temporária, regulada pela Lei nº 6.019/1974, tem como finalidade atender a necessidades excepcionais e transitórias, como é o caso do aumento do fluxo de turistas e consumidores durante o período carnavalesco.
Conforme estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Carnaval de 2025 deverá gerar aproximadamente 32 mil vagas temporárias, com destaque para o setor de bares e restaurantes (cerca de 23 mil postos), seguido por hotéis, pousadas e similares (4 mil) e empresas de transporte (3 mil).
Características da contratação temporária:
De acordo com o disposto na Lei nº 6.019/1974, a contratação temporária no Brasil deve ser intermediada por uma agência de trabalho temporário devidamente registrada no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A agência é responsável pelo registro, pagamento e outros aspectos burocráticos, enquanto a empresa tomadora assume a gestão do trabalho, garantindo condições adequadas de saúde e segurança, incluindo a responsabilidade pelo fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e pela manutenção de um ambiente de trabalho salubre.
O trabalhador temporário tem direito a:
- Salário: Equivalente ao dos empregados da mesma função no quadro permanente da empresa contratante, conforme artigo 4º da Lei nº 6.019/1974.
- Férias proporcionais: De acordo com a proporcionalidade ao tempo de serviço, conforme artigo 7º, inciso XVII, da Constituição Federal.
- Décimo terceiro salário: De acordo com o artigo 7º, inciso VIII, da Constituição Federal.
- Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): Conforme a Lei nº 8.036/1990.
- Jornada de trabalho: Regida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com a possibilidade de compensação ou pagamento de horas extras, conforme artigo 59 da CLT.
- Adicional por hora extra: Quando ultrapassada a jornada normal, em conformidade com o artigo 59 da CLT.
Embora o trabalhador temporário tenha direito a esses benefícios, o contrato temporário não garante as mesmas condições que um contrato de trabalho regular, como planos de saúde ou de carreira. A duração do contrato é limitada a até 180 dias, podendo ser prorrogada por mais 90 dias, conforme o artigo 2º da Lei nº 6.019/1974. Essa limitação de tempo não implica que o trabalhador atuará por todo esse período, mas sim que a vigência do contrato poderá se estender até o limite mencionado.
Exceções e limitações:
Em relação ao seguro-desemprego, o trabalhador temporário geralmente não tem direito ao benefício, salvo nas seguintes situações: (i) caso já tenha recebido o seguro-desemprego antes da contratação temporária e, ao término deste contrato, possa retomar o benefício, ou (ii) quando o contrato temporário ultrapassar o prazo de seis meses (artigo 1º da Lei nº 7.998/1990).
Quanto a garantias de permanência no emprego, como estabilidade para gestantes ou para trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho, essas questões geram discussões jurisprudenciais, pois a legislação não abrange claramente essas situações para o contrato temporário, o que faz com que a questão seja frequentemente decidida nos tribunais.
Apesar de tais limitações, o trabalho temporário se configura como uma importante porta de entrada para o mercado de trabalho, especialmente em funções como garçons, atendentes, recepcionistas e seguranças, que são bastante demandadas durante o período carnavalesco. Além disso, as empresas, em razão da experiência adquirida pelos trabalhadores temporários, frequentemente optam por efetivá-los ao final do contrato, embora, devido à previsão de crescimento econômico mais modesto em 2025, estime-se que a taxa de efetivação seja em torno de 7% dos trabalhadores temporários.
Considerações finais:
Portanto, para aqueles que buscam uma oportunidade de ingressar ou retornar ao mercado de trabalho, o carnaval pode representar uma excelente oportunidade para garantir uma vaga. É fundamental que os trabalhadores estejam atentos às condições da contratação temporária, às agências intermediadoras de trabalho e aos seus direitos. O conhecimento da legislação aplicável é essencial para que o trabalhador possa exercer plenamente seus direitos, conforme os preceitos da Lei nº 6.019/1974 e da CLT.