A advogada Luanna Lago denunciou ter sido vítima de uma acusação infundada de furto de carrinho de compras, em um episódio ocorrido no dia 10 de janeiro, no supermercado Mateus, localizado no bairro Renascença, em São Luís. A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Maranhão (OAB-MA) acompanha o caso, que levanta sérias questões sobre a violação das prerrogativas da advogada e indica, inclusive, a possível presença de racismo estrutural no tratamento dispensado a ela e seu filho. VEJA O VÍDEO AQUI!
Luanna, acompanhada de seu filho adolescente, relatou que, ao realizar compras no supermercado, seu carrinho de compras desapareceu e foi posteriormente localizado em outra parte da loja. No entanto, ao tentar resolver a situação, um homem a acusou, sem fundamentos, de ter subtraído o seu carrinho. A advogada negou a acusação, explicando que também havia perdido seu carrinho, mas o homem persistiu em suas alegações, alegando que havia verificado as imagens das câmeras de segurança.
O episódio tomou proporções ainda mais constrangedoras quando Luanna foi abordada por uma fiscal da loja, acompanhada do homem acusador, que reforçou a acusação de furto, utilizando-se das imagens de segurança para corroborar a versão do outro cliente. A advogada, em um claro estado de desespero, tentou proteger seu filho e evitar que fossem injustamente rotulados como criminosos. Em meio à pressão, ela chegou a gritar, evidenciando a gravidade da situação, que não foi tratada com a devida imparcialidade.
A falha do supermercado em ouvir a versão da advogada, e a insistência na acusação sem embasamento adequado, suscita uma reflexão mais ampla sobre o racismo estrutural presente em diversas esferas sociais. A OAB-MA entende que o tratamento desproporcional e o desrespeito às prerrogativas da advogada não são incidentes isolados, mas refletem um padrão recorrente de discriminação racial, que atinge principalmente mulheres negras e suas famílias, colocando-as frequentemente em situações de desvantagem e marginalização. O episódio de Luanna Lago, portanto, não é apenas uma violação dos direitos de uma profissional da advocacia, mas também um reflexo das desigualdades que permeiam a sociedade.
Após a revisão das imagens de segurança, foi constatado que, na realidade, o homem que a acusava havia levado o carrinho de compras de Luanna. Contudo, a solução do impasse não foi acompanhada por um pedido de desculpas por parte do supermercado, nem por uma demonstração de arrependimento pelo erro cometido. A advogada registrou boletim de ocorrência e aguarda a apuração dos fatos pela polícia.
“Estamos acompanhando o caso, na companhia das advogadas Dra. Derliane Sousa e Dra. Margareth Almeida. Há sinais de ato de racismo institucional, agravado pela tentativa de descredibilizar a versão de Luanna sem a devida consideração de suas prerrogativas”, frisou Dr. Erik Moraes, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MA.
Ele reforçou que medidas legais serão tomadas, incluindo a abertura de um inquérito policial, queixa-crime no Tribunal de Justiça do Maranhão e pedido de indenização por danos morais.
A OAB-MA destaca que o caso de Luanna Lago exemplifica como o racismo estrutural pode se manifestar nas relações cotidianas, até mesmo em ambientes que deveriam ser neutros e respeitosos, como o comércio. O Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94) assegura aos advogados o direito à inviolabilidade de seu escritório e à proteção da dignidade no exercício da profissão. O episódio de discriminação racial e de abuso de autoridade contra a advogada e seu filho evidencia a urgência de medidas de conscientização e mudança estrutural para garantir que os direitos dos cidadãos, especialmente os das minorias, sejam devidamente respeitados.
O Grupo Mateus, responsável pelo supermercado, ainda não se manifestou publicamente sobre o ocorrido. A OAB-MA continuará monitorando o caso e cobrando providências, tanto em relação à reparação da ofensa à dignidade da advogada quanto à prevenção de práticas discriminatórias no futuro.