Alvo de uma série de denúncias envolvendo seu governo, como pagamento de propinas, direcionamento em processos licitatórios, enriquecimento ilícito, favorecimento pessoal de parentes, o prefeito Edivaldo Júnior (PDT) busca encerrar o capítulo policial em que sua gestão se envolveu desde março, após a aprovação do PL 055, e tenta focar em uma agenda pragmática de medidas possíveis de serem colocadas em práticas.
Para incrementar essa agenda positiva e a pedido da ala política, o chefe do executivo prepara medidas voltadas à infraestrutura, através do programa “São Luís em Obras”. O comando do governo acredita que a estratégia de convencimento da população sobre a gestão pedetista precisa ser sentida em ações neste setor, responsável por sacramentar a reeleição de Edivaldo em 2016, mesmo com um índice acima de 64% de rejeição, na época.
As ações incluem também a divulgação de peças publicitarias e produção de releases.
Umas das pautas positivas divulgadas essa semana serviu, apenas, para demostrar o desespero da gestão pedetista em contrapor questões envolvendo, principalmente, denúncias sobre o lixo. No texto, a comunicação oficial destacou que o prefeito Edivaldo Júnior (que tem nome e cara de menino) conseguiu levar São Luís ao grupo de 12% das cidades do Norte/Nordeste que fazem destinação correta de lixo.
O release oficial de quase três laudas falou tudo e mais um pouco, mas, suprimiu, não sei se por esquecimento ou propositalmente, o nome da empresa responsável pela coleta, o valor e o tempo de duração do contrato. Uma estratégia clara para não atrelar a gestão à companhia que é um braço do Grupo Queiroz Galvão, investigada na lava jato.
Trata-se da São Luís Engenharia Ambiental – SLEA, empresa responsável pela coleta e destinação correta do lixo, e que juntamente com a Prefeitura de São Luís – está enfrentando um mar de denúncias.
A SLEA que seria sócia do aterro sanitário privado seria, em tese, a responsável em colocar a capital maranhense no status anunciado, contudo, em nenhum momento teve o seu nome citado no texto.
TURBILHÃO DE DENÚNCIAS
Dentre as irregularidades que atingem e colocam em credibilidade o trabalho desenvolvido pela SLEA, a afronta ao princípio da legalidade é uma delas ja que vem sendo questionado constantemente, haja vista a empresa não ter participado do processo licitatório para prestar a mesma modalidade de serviço em São Luís, ainda em 2011, durante a gestão João Castelo (PSDB).
Não custa lembrar que o certame foi vencido pela Vital Engenharia Ambiental SA, mas o contrato no aporte que ultrapassam os R$ 3 bilhões em 20 anos, prorrogáveis por mais 20, foi assinado pela SLEA, empresa criada em março de 2012 com argumento de ser uma SPE, digo, posteriormente a homologação da licitação, publicada no dia 17 de janeiro de 2012.
Outro ponto que também passou despercebido no material divulgado pela prefeitura de São Luís – foi à auditoria feita pelo Tribunal de Contas do Estado – TCE, realizada ainda em 2013, no início da gestão do pedetista, em todos os contratos da gestão anterior, mas que mesmo assim, misteriosamente, não detectou as inúmeras irregularidades facilmente perceptíveis a olho nu.
O ajuizamento de duas ações populares na Vara de Direitos Difusos e Coletivos de São Luís, uma questionando o Termo de Reconhecimento de Dívida de quase R$ 90 milhões de reais, assinado em 2015 pelo prefeito Edivaldo Júnior, sem anuência do Legislativo, e outra questionando o próprio contrato, também não foram mencionados no material produzido.
Enfim, muitas informações deixaram de ser repassadas aos maiores interessados, o cidadão ludovicense, mas mesmo com a supressão de informações, as denúncias envolvendo a gestão municipal estão bombardeando o gestor nas redes sociais. Elas vieram à tona justamente a partir do episódio sobre a confissão de dívida com a companhia do lixo.